sábado, 21 de março de 2015

Maconha faz mal?

Hoje se fala muito sobre a liberação da maconha. No entanto, antes que um caminho perigoso seja traçado, é importante rever as premissas quanto à segurança da população.
No Uruguai e nos Estados Unidos (alguns estados), a comercialização da maconha, com um certo controle (ou não) está sendo liberada. A justificativa: seria um mal menor ou como já ouvi de algumas bocas: "o cigarro e a bebida fazem mais mal do que a maconha". 
A maconha possui uma substância chamada THC (delta-9-tetra-hidrocanabinol) que, comprovadamente, prejudicam o funcionamento cerebral, com redução da memória, aprendizado e inteligência e agravam transtornos mentais preexistentes. Seus efeitos, que só aparecem ao longo do tempo, ao contrário do tabaco e do álcool, transmitem uma sensação de segurança que as evidências não justificam. Antes de aprovar leis que comprometam a saúde pública, vale a pena conhecer os riscos.
Estudos feitos com a droga, aqui mesmo no Brasil, dizem que a droga "é capaz de piorar quadros de esquizofrenia, além de constituir um importante fator desencadeador da doença em indivíduos prédispostos". Em outro estudo "a maconha leva ao aumento das taxas de ansiedade, depressão, bipolaridade e esquizofrenia". 

Cannabis sativa - A Planta de onde é extraído o THC
Atualmente, mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo são usuários da maconha. Estudos também alertam sobre a possibilidade de ela estar ligada à gênese da esquizofrenia, embora muitos contestam por falta de provas. A esquizofrenia é grave e irreversível, causando perda da resposta afetiva, das funções cognitivas e da interação social. É também chamada de "demência precoce", quando se inicia na juventude.


Há diversos tipos de Esquizofrenia e nenhuma característica é comum a todos. Geralmente, fatores externos e ambientais podem ser coadjuvantes no surgimento da doença. Os sintomas incluem:
  • delírios
  • alucinações
  • incoerência
  • comportamento catatônico ou hiperativo
  • apatia
Em vez de uma doença com uma única causa, a esquizofrenia corresponde a um conjunto de sintomas e sinais/alterações do comportamento, ou seja, uma "sindrome" com muitas causas genéticas e ambientais - condições intrauterinas e perinatais, infecções, traumas físicos ou psicológicos, drogas, toxinas, etc. Assim, a maconha pode ser vista como uma possível causa para o surgimento da esquizofrenia.
Além de aumentar o risco de psicose, o uso de cannabis pode antecipar o início desses casos. Em 2011, 83 estudos mostraram que, em média, os quadros psicóticos aparecem cerca de 2,7 anos antes que em não usuários da droga.


A Antecipação na idade de início da psicose crônica é relevante, pois ela compromete uma fase fundamental para o desenvolvimento intelectual e estruturação da personalidade, ao final da adolescência.
Outros estudos em 2012, apontaram que os usuários de maconha que começaram antes dos 14 anos de idade tinham maior risco de evoluir para uma TEP (Transtorno Esquizofrênico de Personalidade), caracterizados por sintomas psicóticos, como experiências sensoriais incomuns, crenças não compartilhadas, comportamento estranho e isolamento social.
Diversas pesquisas também apontam o impacto da maconha na carreira profissional. Estes estudos revelam a redução de até oito pontos no Quociente de Inteligência (Q.I.) dos usuários da cannabis, principalmente naqueles que começaram a usar na adolescência. A  interrupção do uso não reverteu o quadro, ou seja, o dano é permanente. Nesta fase da vida, entre os 15 e 25 anos, os sistemas neuronais do córtex pré-frontal e do córtex parietal eliminam as sinapses irrelevantes e fortalecem as essenciais. Esse sistema é sensivelmente prejudicado pelo THC e de outros compostos da cannabis que alteram o funcionamento cerebral resultando em prejuízos cognitivos. Estados de depressão e transtorno bipolar também são associados ao uso da cannabis.
Depressão: Distúrbio afetivo - tristeza, pessimismo e baixa auto estima

Transtorno Bipolar: Oscilações de humor
Conclusão

Não há como justificar a legalização do uso de drogas como maconha, haxixe, skunk e THC puro, nem mesmo para fins medicinais. Elas têm componentes tóxicos altamente perigosos e colocam em risco a saúde da população. A busca de compostos terapêuticos são questões importantes e justificam abordagens específicas, mas não podem ser confundidas com a liberação do uso recreativo indiscriminado.

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