Quando alguém me diz que a água vai acabar, eu falo, em tom de sabedoria: "O ciclo da água é o que mantém a vida na natureza de nosso planeta. Existe há bilhões de anos e continuará existindo por muito tempo ainda." Na verdade, quando se diz que a água vai faltar, estamos nos referindo à água potável, ou seja, o tipo de água boa para se beber, lavar os alimentos e nos banharmos de forma saudável. De qualquer forma, precisamos saber os motivos pelos quais ela vai (está) faltar (faltando).
O primeiro motivo é o climático. Em algumas regiões está chovendo bem menos que no passado (cerca de 40% menos).
Mudanças Climáticas |
O segundo motivo é que existe uma grande concentração de pessoas vivendo nas grandes cidades, fazendo com que o volume de água disponível para cada uma delas fique cada vez menor.
População disputando cada ml de água |
O terceiro é a lerdeza das autoridades em revelar a crise e estimular as pessoas a economizarem água. Também falta buscar outras alternativas antes da crise se instalar.
A situação se complicou tanto que reverter a situação em curto prazo não é mais possível. Se formos analisar a situação dos principais reservatórios de São Paulo e do Rio de Janeiro, em uma situação ideal, estes reservatórios devem levar cerca de dois anos até se recuperarem totalmente. Para isso, as chuvas tem que voltar ao nível ideal e o consumo não pode aumentar. De nossa parte, podemos controlar apenas o consumo.
Reservatório do Sistema Cantareira |
Há pelo menos dez anos, os especialistas já haviam alertado para as mudanças climáticas que poderiam levar a uma falta de água no Brasil. Medidas como controle de vazamento em tubulações, vigilância contra os "gatos", para evitar perdas comerciais, e o incentivo para reúso da água de esgoto, além de campanhas de adoção de hábitos sustentáveis, tudo isso poderia ter sido utilizado para alertar a população de uma futura crise hídrica.
E agora quem paga a conta? Nós, literalmente. Em algumas cidades, já são aplicadas multas para quem aumenta o consumo de água, mas em contrapartida, gera-se descontos para quem economiza.
Vazamentos pequenos como este, ao longo do tempo podem gerar um grande desperdício |
E não é só a conta que aumentou. Nos locais onde falta água, caminhões pipa estão custando cerca de 50% a mais. Galões de água mineral também tiveram aumento no preço de até 15% no último ano.
A saída parece estar nos poços artesianos. No entanto, vários fatores devem ser levados em conta antes de sair por ai perfurando o chão em qualquer lugar em busca desse recurso.
Em primeiro lugar, não existem empresas credenciadas em quantidade suficiente para perfurar poços a ponto de se fazer alguma diferença. Em segundo lugar, está a qualidade da água extraída. No desespero, muitos fazem poços clandestinos e não se preocupam em verificar se a água está boa para ser utilizada. Muitas substâncias químicas podem penetrar no solo até certa profundidade, onde se encontram os lençóis freáticos. Nestes locais a água pode estar contaminada e ser prejudicial à saúde.
Em terceiro lugar está a própria disponibilidade da água. O Aquífero Guarani é um enorme lago subterrâneo. Ele está localizado na região centro-oeste da América do Sul, ocupando uma área de 1,2 milhões de km2 sendo boa parte no Brasil, mas também no Paraguai, Uruguai e Argentina.
Apesar de todo este volume de água, em cidades como Ribeirão Preto (SP), que sobrevive através da água que capta no aquífero, a quantidade de água extraída já está superior à quantidade que é reposta pelas chuvas.
E se não houver alternativas rápidas para a falta de água nas regiões mais populosas do Brasil? Para poupar a água, talvez seja necessário que medidas drásticas sejam tomadas, mesmo que temporariamente. A prioridade para o fornecimento de água, seriam escolas e hospitais, mas em casos críticos, até mesmos estes estabelecimentos seriam obrigados a fecharem temporariamente. Um êxodo em massa das grandes capitais também não seria viável, pois a maioria não poderia deixar para trás suas casas e seus empregos.
Em São Paulo, a crise chegou a tal ponto que o governo teve de utilizar o "volume morto" para abastecer a grande cidade. O volume morto é um reservatório com 400 milhões de metros cúbicos de água situado abaixo das comportas das represas do Sistema Cantareira. Conhecida também como reserva técnica, essa água nunca foi utilizada para atender a população. O governo do estado tentou fazer desvios para usar a água de outras represas, mas essas manobras não foram suficientes para atender toda a população da Grande São Paulo. Após o nível do sistema atingir um patamar preocupante, a Sabesp começou a fazer obras para conseguir bombear a água do volume morto. Apesar da aparência e cheiro um pouco diferentes, após tratada ela se torna apta para o consumo.
E apesar de se esperar uma normalização do fornecimento para os próximos 2 anos, existem diversos fatores, como as atuais condições de consumo, chuvas e se o governo tomar medidas de reestruturação de abastecimento. Devemos nos lembrar que a população não para de crescer, assim como a demanda de bens e serviços.
Não podemos também nos esquecer que a própria produção de energia elétrica no país depende muito de hidrelétricas, que dependem da água para funcionar. Se a falta de chuva continuar, ou se ela não normalizar, não se pode garantir a produção. O excesso de uso de energia está sobrecarregando as usinas, o que força cortar o fornecimento por algum período. Para não sobrecarregar o sistema, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) está aumentando a capacidade de produção das usinas Termelétricas, que custam muito mais caro. Além disso, estamos comprando energia dos países vizinhos. Com isso, a conta da luz ficará mais cara.
Não tem jeito! daqui por diante será necessário economizar água e luz. Não é culpa do cidadão, mas ele terá de ajudar neste momento, por causa da falta de chuvas e da ingerência governamental.
Segue abaixo algumas dicas para a economia de água é luz:
ÁGUA
A saída parece estar nos poços artesianos. No entanto, vários fatores devem ser levados em conta antes de sair por ai perfurando o chão em qualquer lugar em busca desse recurso.
Poço artesiano clandestino |
Em terceiro lugar está a própria disponibilidade da água. O Aquífero Guarani é um enorme lago subterrâneo. Ele está localizado na região centro-oeste da América do Sul, ocupando uma área de 1,2 milhões de km2 sendo boa parte no Brasil, mas também no Paraguai, Uruguai e Argentina.
Apesar de todo este volume de água, em cidades como Ribeirão Preto (SP), que sobrevive através da água que capta no aquífero, a quantidade de água extraída já está superior à quantidade que é reposta pelas chuvas.
Localização do Aquífero Guarani no Centro-Oeste da América do Sul |
Em São Paulo, a crise chegou a tal ponto que o governo teve de utilizar o "volume morto" para abastecer a grande cidade. O volume morto é um reservatório com 400 milhões de metros cúbicos de água situado abaixo das comportas das represas do Sistema Cantareira. Conhecida também como reserva técnica, essa água nunca foi utilizada para atender a população. O governo do estado tentou fazer desvios para usar a água de outras represas, mas essas manobras não foram suficientes para atender toda a população da Grande São Paulo. Após o nível do sistema atingir um patamar preocupante, a Sabesp começou a fazer obras para conseguir bombear a água do volume morto. Apesar da aparência e cheiro um pouco diferentes, após tratada ela se torna apta para o consumo.
Volume morto começa a ser captado para abastecer o sistema Cantareira |
Não podemos também nos esquecer que a própria produção de energia elétrica no país depende muito de hidrelétricas, que dependem da água para funcionar. Se a falta de chuva continuar, ou se ela não normalizar, não se pode garantir a produção. O excesso de uso de energia está sobrecarregando as usinas, o que força cortar o fornecimento por algum período. Para não sobrecarregar o sistema, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) está aumentando a capacidade de produção das usinas Termelétricas, que custam muito mais caro. Além disso, estamos comprando energia dos países vizinhos. Com isso, a conta da luz ficará mais cara.
Termelétrica Luiz Carlos Prestes - Três Lagoas (MS) |
Segue abaixo algumas dicas para a economia de água é luz:
ÁGUA
- Tomar banhos rápidos (5 minutos)
- Feche a torneira ao escovar os dentes, fazer a barba ou lavar os pratos
- Não deixe o chuveiro ligado enquanto se ensaboa
- Reaproveite a água utilizada nas máquinas de lavar
- Não lave carros, calçadas e pátios nem regue jardins que possam captar a água das chuvas
- Troque os copos de vidros por copos de plásticos
- Divulgue as medidas entre parentes, amigos e colegas de trabalho
ENERGIA
- Não deixe luz acesa sem necessidade
- Desligue aparelhos quando não estiverem sendo utilizados (televisão, computador etc)
- Reduza o uso de ar-condicionado e ventiladores
- Aproveite a luz solar abrindo janelas durante o dia
- Troque as lâmpadas quentes por econômicas
- Compre eletrodomésticos que gastem menos energia
Boa sorte a todos e vamos lutar para que nossos filhos e netos tenham água e luz no futuro.
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