segunda-feira, 6 de julho de 2015

A HISTÓRIA DA MULHER, A PARTIR DA HISTÓRIA DO SUTIÃ

Este artigo é só para descontrair um pouco. Estava lendo a revista "Mundo Estranho" e me deparei com esta reportagem, que achei interessante. A partir daí, viajei um pouco mais e descobri alguns fatos interessantes sobre o assunto. Vamos aproveitar então, e fazer uma pequena viagem na História da mulher, através da história do Sutiã.

O relato mais antigo de que se tem notícia a respeito do sutiã, remonta de mais de 4.500 anos atrás, na civilização minóica. Para quem não sabe, esta civilização remonta à Idade do Bronze Grega, Creta, a maior ilha do Mar Egeu. Após a descoberta do Bronze esta civilização, berço da própria civilização européia, se desenvolve gradativamente, até que, por causa de desastres naturais(Terremotos, vulcões e tsnumis) e conflitos internos, foi assimilada pelos gregos de Micenas, que repovoaram a ilha. Esta civilização é considerada matriarcal, onde a mulher tinha muita importância na sociedade e desenvolvia funções políticas, administrativas e religiosas. Era um povo pacífico, crente em vários deuses e seguros de que a mulher era elemento fundamental para a pacificação social, tanto que o principal símbolo religioso de veneração era uma deusa.
Localização de Creta no Mar Mediterrâneo
Palácio de Knossos - Desastres naturais
Sociedade Matriarcal
Foi nessa sociedade que surgiu a primeira luta da mulher contra a gravidade. Mas o corpete da época tinha apenas a função de sustentação e elevação, não a de tapar os seios, que ficavam à mostra por motivos culturais e religiosos.
O Chique era mostrar os seios
Agora vamos dar um pulo até 1600 a.C., na Grécia antiga, mais precisamente em Atenas. Ali viria a surgir o protótipo do sutiã atual: duas tiras de pano ou metal que cruzavam as túnicas e cobriam totalmente o peitoral ou deixavam um dos seios à mostra. Ele também ajudava as mulheres nas práticas esportivas.
Mesmo as deusas, como Atena, eram retratadas com um dos seios à Mostra
Atenas foi uma das principais cidades estados gregas, sendo o principal centro cultural e intelectual do ocidente. Apesar de ser considerado um "governo do povo", apenas 20% da população participava da democracia ateniense. Na sociedade ateniense, a participação da mulher era quase nula. Ela era criada e educada para servir o mundo doméstico. O pai escolhia com quem a mulher se casava e após o matrimônio, a subserviência feminina era dedicada ao marido. As mulheres não participavam das questões políticas por serem consideradas inaptas para este tipo de tarefa.
A principal ocupação das atenienses de todas as classes sociais era usar lã para fazer tecidos. O processo, longo e trabalhoso, envolvia desde a preparação do fio até a criação de peças em teares manuais. Cuidar das crianças também era uma ocupação exclusivamente feminina. Até os 7 anos, meninos e meninas passavam quase todo o tempo na barra da mãe. Depois os meninos podiam estudar, enquanto as meninas continuavam em casa. As camponesas não precisavam ficar trancafiadas em casa, como ocorria com as atenienses urbanas ricas. Mas elas tinham de dar duro o ano inteiro. Uma de suas principais atividades era plantar e colher ervas, verduras e legumes. Além de cultivar feijão, cebola, condimentos e verduras silvestres, era preciso limpar constantemente o jardim para evitar ervas daninhas. As mulheres do campo também eram responsáveis pela pecuária. Elas ordenhavam cabras e ovelhas e usavam o leite para preparar queijo e coalhada. Ocasionalmente, ainda criavam abelhas para produzir mel. Tudo isso sem reclamar. Fora o trabalho de fiar e de supervisionar o criados, as donas-de-casa de casa abastadas deixavam quase todo o trabalho para as escravas domésticas. As crianças, e às vezes até a amamentação, podiam ficar por conta das cativas.

A moda então dá um pulo de quase dois mil anos, até 500 d.C., na Idade Média, onde a norma era esconder o busto sem que se tivesse a mínima preocupação com o conforto feminino. Os vestidos, inclusive, já vinham com amarras para achatar ao máximo os seios.

Nesta época, havia o interesse da Igreja e do poder patriarcal de castrar a sexualidade feminina. Tentava-se impor uma forma de pensamento baseado na interpretação das escrituras, a despeito da natureza e dos instintos humanos. A honra e a vergonha eram sempre vinculados ao comportamento das mulheres. Havia uma repressão sexual rigorosa maximizada por sentimentos de culpa, de impureza e de vergonha.

E então chegamos ao século 19. Apesar dos espartilhos já serem usados desde o século 15 é aqui que eles se tornam realmente apertados e perigosos. Diversas moças tinham as costelas quebradas pelo seu uso. Apesar de sua supremacia, acessórios que lembram o atual sutiã começaram a circular, mesmo que timidamente, desde a idade média.
O espartilho era utilizado para modelar o corpo da mulher.

Entre a Antiguidade e a Idade Média, o suporte ao busto e à cintura era geralmente feito com faixas de tecido, quando era feito. Nos séculos XIII e XIV, amarrações e materiais mais rígidos incorporados às próprias vestes ajudavam a moldar o corpo numa forma esguia. Essa ideia evoluiria para o kirtle, um tipo de colete engomado e/ou reforçado com cordas (como barbatanas), amarrado na frente. Eventualmente, o kirtle se mudaria para dentro das roupas. Mais tarde, a ideia de “vestido” seria enfim separada em corpete e saia, permitindo que o corpete fosse justo e retilíneo, enquanto a saia poderia ser absurdamente volumosa com a ajuda de anáguas engomadas e crinolinas.
Haja força!
De um ponto de vista prático, ter uma peça única feita exclusivamente para moldar o corpo seria muito mais racional do que reforçar todas as outras peças do guarda-roupa, e colocar a tensão do suporte nessa peça ajudaria também a estender a vida útil do vestido.
Para manter a forma esguia e cônica sob o corpete é que seria introduzido o que se chamaria, dependendo da época ou região, payre of bodies, corps, ou vasquina, entre outros nomes; um corpete reforçado e rígido usado como roupa de baixo, que hoje chamamos de espartilho ou corset. A rigidez era o principal atributo do corset. A redução da cintura era mínima, mas o busto era erguido e pressionado, e as costas mantidas numa postura reta e distinta, como era de se esperar de uma dama. Tal rigidez era alcançada com tecido pesadamente engomado, couro, juncos ou cordas engomadas inseridas em canais costurados entre as camadas de tecido. Para manter as formas ainda mais retas, o busk, uma estreita placa de madeira ou marfim, era introduzido na frente, e poderia ser removido (alguns poderiam ser até esculpidos no formato de adagas, para ajudar a dama a se proteger de admiradores indesejados). Existe inclusive um corset sobrevivente feito em metal, como uma armadura, mas não se sabe se isto era comum ou se era um modelo ortopédico.
Ao contrário do que se pode pensar, os primeiros corsets não deviam ser de todo desconfortáveis. Modelos recriados com fidelidade histórica são usados como figurino para teatro, cinema e feiras renascentistas, e há quem afirme que são mais confortáveis do que um sutiã moderno com aro. Não há muita pressão na cintura, como num espartilho vitoriano, nem tensão sobre os ombros (mesmo nos modelos com alça), como num sutiã, e algumas mulheres com problemas nas costas afirmam que o suporte é ainda melhor do que o de uma cinta ortopédica.

O corset não mudou tanto entre a renascença e o rococó; a cintura veio um pouco mais abaixo, com incisões de alguns centímetros permitindo que acompanhasse a curva do quadril e dando maior conforto; as alças foram ficando mais comuns e o busto mais baixo, delineando formas mais arredondadas. No século XVIII, as formas começaram a mudar.
Somente por volta do século XIX graças a invenção dos ilhóses e o uso de barbatanas de baleia que a atenção foi voltada para a cintura e teve início a era das cinturas minúsculas, conhecida como era Vitoriana. A pressão excessiva a que a mulher era submetida no abdome podia causar uma série de problemas. havia o aumento da pressão venosa precipitando o aparecimento de varizes e inchaços nas pernas e até mesmo uma trombose. O diafragma ficava elevado modificando a dinâmica respiratória, o que pode levar a atelectasia (colapso pulmonar), resultado da diminuição da ventilação pulmonar, o que podia provocar acúmulo de secreções e até uma infecção. as costelas flutuantes podiam se quebrar por estarem presas apenas na parte de trás.

Nesta época, a mulher tinha o papel de submissa, obediente e serva, e as que ousavam romper com este papel, enfrentavam tabus para romper preconceitos e lutar por sua liberdade pessoal. A lei do divórcio, aprovada em 1857 nos EUA definiu legalmente parâmetros morais diferentes para homens e mulheres. Um homem poderia obter a dissolução do seu casamento se ele pudesse provar um ato de infidelidade de sua esposa, porém, uma mulher só poderia pedir o divórcio se, além da infidelidade, ela também deveria provar que ele era culpado de crueldade.
A mulher da classe alta tinha de entender que a única porta para uma vida fácil e respeitável, era o casamento. Mulheres de comportamento liberal eram desconsideradas socialmente. Permanecer solteira aos trinta anos era pedir para ser chamada de velha solteirona. Se seus pais morressem, tinham de viver como hóspedes indesejadas em casas de parentes, trabalhando como governantas e recebendo salários miseráveis. nenhuma das profissões eram abertas às mulheres. Não haviam mulheres nos gabinetes governamentais e nem mesmo o trabalho de secretarias era feito por elas. Os pais acreditavam que uma educação séria para suas filhas era supérfluo: modos, música e um pouco de francês era suficiente para elas. Não existiam boas escolas para garotas e nenhum exame público aceitava candidatas mulheres.
A Educação das mulheres se restringia a atividades que fossem úteis no ambiente doméstico, desprovidas de valor no mercado de trabalho da época, como costurar, aprender música ou desenvolver habilidades artísticas.

1914 -  Mary Phelps Jacob, uma socialite americana registra a patente do Sutiã.
Há pouco mais de 100 anos, Mary Phelps Jacob, em uma jogada de mestre, patenteava o sutiã. Segundo ela, a intenção era acomodar os seios, possibilitando moldá-lo, diminuí-lo, escondê-lo ou exibi-lo. a partir de então, esta peça tornou-se um aliado feminino na busca de beleza, conforto e sedução. No entanto, a intenção de Mary não era ganhar dinheiro e sim no sucesso que sua criação traria. Por isso, vendeu os direitos à Warner Bros (é, aquela do cinema) por meros US$1.500 dólares. Nas décadas seguintes, a Warner faturou mais de US$ 30 milhões com a peça de roupa.
Esta época foi muito importante para as mulheres. A Primeira Guerra mundial trouxe para a mulher o papel de substituta dos homens em fábricas e em outros serviços, para que os homens pudessem lutar nas trincheiras. Antes mesmo da guerra acontecer, as mulheres marchavam em busca da paz, e mesmo durante a guerra, mulheres russas faziam manifestações e até greve. Mas o que as mulheres não aguentavam mesmo eram as jornadas de até 14 horas diárias e salários três vezes menores do que o dos homens. É nesse contexto que surge o "Dia Internacional da Mulher". Alguns anos antes, em 1911, ocorreu um episódio marcante que ficou conhecido no imaginário feminista como a consagração do dia da Mulher: em 25 de Março, um incêndio teve início na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, localizada nos três últimos andares de um prédio. A fábrica tinha chão e divisórias de madeira e muitos retalhos espalhados. A maioria dos cerca de 600 trabalhadores conseguiu escapar, outros 146 morreram, entre eles, 125 mulheres, que foram queimadas vivas ou se jogavam das janelas. Mais de 100 mil pessoas participaram do funeral coletivo. Esse, foi mais um acontecimento que fortaleceu a organização feminina.

25 de Março - O incêndio na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York
No Brasil, ativistas femininos, em 1914 lutavam pelos direitos das mulheres (movimento sufragista), reivindicando o direito de voto para as mulheres.

Movimento Sufragista
A partir das décadas de 50 a 70  acontece a Revolução Sexual. Neste período os seios voltam à evidência. Os sutiãs se tornam pontudos e ganham extras, como enchimentos infláveis por canudinhos e aromatizantes embutidos.
Sutiãs com enchimento inflável
A Revolução Sexual era uma perspectiva social que desafia os códigos tradicionais de comportamento relacionados à sexualidade humana e aos relacionamentos interpessoais. As mudanças ocorridas no período desenvolveram novos códigos de comportamento sexual, muitos dos quais tornaram-se regra geral de comportamento. Isso inclui uma maior aceitação do sexo fora das relações heterossexuais e monogâmicas tradicionais (casamento, por exemplo). A contracepção e a pílula, nudez em público, a normalização da homossexualidade e outras formas alternativas de sexualidade e a legalização do aborto em alguns países foram fenômenos que começaram a ganhar força nas sociedades ocidentais.
Um dos gatilhos para a revolução sexual moderna foi o desenvolvimento da pílula anticoncepcional, em 1960, que deu o acesso das mulheres à contracepção fácil e confiável. Outro fator provável eram as vastas melhorias em obstetrícia, o que reduziu o número de mulheres que morrem durante o partoo o que, portanto, aumentou a expectativa de vida das mulheres.
Outro fator foi a entrada das mulheres na força de trabalho durante e após a segunda guerra mundial, tornando-as um pouco mais independentes.
Revolução Sexual
Em 1968, o sutiã se transforma em forma de protesto feminista, símbolo de repressão e começa a ser encarado como roupa opcional. As que usam preferem modelos cada vez mais confortáveis e naturais.
Os sutiãs de Lycra, famosos nos anos 80, estão voltando nos dias atuais
Nos anos 80, com a chegada da Lycra, os sutiãs se tornam mais confortáveis, ajustando-se ao corpo da mulher.
Os anos 80 serão eternamente lembrados como uma década onde o exagero e a ostentação foram marcas registradas. Os seriados de televisão, como Dallas, mostravam mulheres glamourosas, cobertas com jóias e por todo o luxo que o dinheiro podia pagar. A moda apressou-se por responder a esses desejos, criando um estilo nada simplório. Todas as roupas de marcas conhecidas tinham seus logos estampados no maior tamanho possível. O jeans alcança seu ápice, ganhando status. E os shoppings tornaram-se paraíso dos consumistas. Pode-se dizer que os anos 80 começam realmente em 1977, com o sucesso da música “disco” inspirados no filme “Saturday Night Fever”. Voltam à tona, o glamour da noite e o charme do excesso e do brilho, deixando para trás o estilo hippie dos anos 70. A juventude trouxe de volta o que já era considerado “velho”: roupas sob medida e vestidos de baile. Os anos 80 seguem o charme e a sofisticação dos anos 60, porém com um certo exagero.
As mulheres, que nesse momento ingressaram maciçamente no mercado de trabalho à procura por cargos de chefia, adotaram o visual masculino. Cintura alta e ombros marcados por ombreiras era a silhueta de toda a década, ao lado de pregas e drapejados para a noite ou dia.  A música se consagrou como formadora de opinião e estilo, levando ao estrelato cantoras como Madonna, que influenciou a sociedade com seu estilo livre e despudorado. O Punk, New Age e Break também merecem destaque. Os vestidos passaram a valorizar mais o corpo feminino, com cintura marcada, fendas, tops sem alças ou saias balonês. Tudo acompanhado de acessórios Dourados.O visual era extravagante com ombreiras e calças de cós alto. Mini-saia com legging, macacões e shorts também fizeram parte desta estação. As cores cítricas fizeram muito sucesso, como o verde-limão, o amarelo e laranja fosforescentes. Personalidades famosas são exemplo desse look como Madonna e Cindy Lauper. Na maquilhagem, as mulheres abusaram do colorido da época com sombras fortes, olhos bem pintados e batons de cores vivas, como o vermelho, pink e marrom escuro.
Com relação ao direito, as mulheres na década de 80 viram surgir políticas públicas para as mulheres e até mesmo uma delegacia especial para crimes cometidos contra mulheres.
Em 1990, a cantora Madonna exibe um emblemático acessório em forma de cone e o atrela à sua imagem por toda a década
Nos anos 90, com mais tecnologia na fabricação, passaram a ser funcionais, erguendo, diminuindo ou juntando os seios. o famoso "Invisible bra", feito de silicone, também fez sucesso nos anos 2000.

A década de 90 para as mulheres caracteriza-se por uma intensa abertura econômica e a tendência da mulher entrar cada vez mais no mercado de trabalho, a ponto de faltarem vagas e haver desemprego feminino.
Peças sob medida que valorizam o conforto dão o tom dos anos 2010.
Atualmente, o mundo anda apostando nos valores femininos, no seu talento e carisma. O seu trabalho tem sido notado pelas inúmeras mudanças que continuam causando, tais como a capacidade de trabalhar em equipe ao invés do individualismo, a cooperação no lugar da competição, a persuasão em oposição ao autoritarismo.
As mulheres, hoje, invadiram praticamente todos os lugares, ocupam postos nos ministérios, nos tribunais superiores, em organizações de pesquisa de tecnologia de ponta, no topo das grandes empresas e até na presidência de alguns países. Pilotam jatos, perfuram poços de petróleo, comandam tropas. Não existe um gesto masculino que ela não tenha capacidade de aprender e realizar. No entanto, a entrada da mulher no mundo do trabalho vem sendo acompanhada, ao longo dos anos, por um alto grau de discriminação, principalmente nos salários.

Então é isso! Espero que tenham feito um divertido passeio pela história da mulher ao longo dos séculos, contada através de uma das peças mais íntimas que uma mulher usa no seu corpo. O SUTIÃ.






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