Baseado no livro de Frank Herbert (1920-1986), Duna (No original: Dune, 1965, 544 p), fez a alegria de muitos aficionados por ficção científica (inclusive eu), quando em 1984 pude ver no cinema a obra prima que é a adaptação do livro para o cinema. Mas não foi fácil! David Lynch, o diretor, trabalhou arduamente durante três anos e meio para transportar o best-seller para a telona. É muito difícil trazer o conceito que Herbert introduziu no livro em 137 minutos de película. O orçamento, então, estourou os US$ 45 milhões, o que para a época era muito dinheiro a se investir num filme, cuja adaptação era comprovadamente difícil.
Duna é considerado o livro de ficção científica mais vendido de todos os tempos, apontada como uma das mais renomadas obras de ficção e fantasia já lançadas e um dos pilares da ficção científica moderna. Em 1966, Herbert foi o vencedor do prêmio "Nebula" e o sucesso fez com que expandisse a série em mais cinco livros.
No enredo do filme, vemos a humanidade no ano de 10.191 D.C. espalhada pelo Universo, mas regredida a um regime feudal. A moeda do universo é a chamada "Melange" ou simplesmente "especiaria", um produto capaz de aumentar a expectativa de vida e os poderes de presciência de alguns usuários. A intriga ocorre no planeta "Arrakis", também conhecido como "Duna", único lugar que produz a especiaria. Diversas casas nobres entram em conflito pela produção da especiaria, visando o controle do poder no universo.
Planeta Arrakis, conhecido como Duna. A sombra do rato na segunda lua dá o nome de guerra fremem de Paul Atreides: Muad'Dib
Para entender o filme (e o livro): Duna se passa em um futuro distante no meio de um império intergaláctico feudal em expansão, onde feudos planetários são controlados por Casas Nobres que devem aliança à casta imperial da Casa Corrino.
José Ferrer: Padishah Imperador Shaddam IV da Casa Corrino
O filme conta a história do jovem Paul Atreides, herdeiro do Duque Leto Atreides e da respectiva Casa Atreides, na ocasião da transferência de sua família para o planeta Arrakis (Duna), a única fonte no Universo da especiaria Melange.
Jurgen Prochnow: Duque Leto Atreides da Casa Atreides
Kyle MacLachlan: Paul Atreides da Casa Atreides
A estória explora as complexas interações entre política, religião, ecologia, tecnologia e escolhas e consequências. O destino de Paul, sua família, seu novo planeta e seus habitantes nativos, os Fremen, assim como o destino do imperador Padishah, da poderosa Corporação Espacial à seu serviço e da misteriosa ordem feminina das Bene Gesserit, acabam todos interligados em um confronto que mudará o curso da Humanidade.
Os Fremen: Povo que habita Arrakis
Bene Gesserit
Corporação Espacial: A principal usuária da Especiaria
A inovação em Duna é o fato de rechear o romance de citações e elementos que remetem a paradoxos filosóficos, religiosos e psicológicos, que até então nunca haviam sido usados na ficção em geral. Além desses temas, Duna trata também de aspectos importantes da ecologia e da biologia. O ambiente não possui computadores, já que a religião proíbe o uso de máquinas pensantes, temendo que estas possam destruir a humanidade. Todo o trabalho de cálculos complicados é feito pelos Mentats, homens treinados desde a infância para usarem suas mentes como computadores.
Freddie Jones: Thufir Hawat, Mentat da Casa Atreides
O Universo de Duna é feudal, onde as casas nobres governam cada sistema solar (os feudos). Não há robôs ou computadores. Toda tecnologia existente é analógica ou biológica. Assim há uma valorização da figura humana e da parte social e política. O Jogo de intrigas e a reputação norteiam a tomada de decisões dos personagens. Os Fremen, nativos do planeta Arrakis, são fanáticos religiosos que vêem os gigantescos vermes de areia como deuses. A moeda do planeta é a água. Na parte militar há ainda outra particularidade: a invenção dos escudos de força pessoais fez com que todas as armas de longa distância (incluindo lasers) perdessem a efetividade. Por isso o combate em Duna é corpo-a-corpo, as únicas armas efetivas são facas e espadas. Isso exige que os exércitos sejam muito bem treinados.
Vermes de Areia em Duna
Curiosidades:
David Lynch trabalhou durante três anos e meio para apresentar Duna nos cinemas.
Para se dedicar ao projeto, Lynch recusou a oferta de dirigir O Retorno de Jedi.
Para preparar um cenário num espaço de três milhas em um deserto do México foram necessários 200 trabalhadores durante dois meses.
Algumas cenas do filme foram rodadas no mesmo cenário e no mesmo período em que estava sendo filmado Conan, o Destruidor (1984).
Foram construidos Cerca de 80 sets de filmagens para Duna. Alguns efeitos especiais foram rodados com iluminação em torno de um milhão de watts.
David Lynch não autorizou a versão extendida de seu filme para exibição na televisão americana. Ele ainda pediu que seu nome nos créditos fosse alterado para os pseudônimos Alan Smithee (diretor) e Judas Booth (roteiro). Este último é a união do nome Judas, traidor de Jesus Cristo, com Booth, de John Wilkes Booth, o assassino de Abraham Lincoln. De acordo com Lynch, a ideia era demonstrar que o estúdio o traiu e assassinou o filme. A versão de Duna para a televisão americana tem 190 minutos de duração, ou seja, 50 a mais que a versão do cinema.
Peter Berg, o diretor de Battleship - Batalha dos Mares, estava de olho em um remake do filme, mas desistiu depois de oito meses à frente do projeto, explicando que, devido aos riscos que ele representa, a versão que imagina para o projeto é inviável. Segundo o diretor, ele sempre sentiu que o filme de David Lynch não era o filme que passou pela sua cabeça quando leu o livro. Para ele, o filme tinha espaço para mais ação e aventura, principalmente depois da série de TV, que no seu parecer, ficou muito errada. Ele trabalhou durante oito meses numa adaptação do filme, gerando um roteiro de 200 páginas, o que representava pelo menos três filmes. E este é o problema, fora que a adaptação fiel do filme é muito complicada. Assim, Duna permanece algo muito difícil de ser realizado e caro.
AVISO DE SPOILER! As informações a seguir contém revelações sobre o enredo do filme.
O conflito principal em Duna é o duelo político entre três famílias nobres: A Casa Imperial Corrino e outras duas Grandes Casas: A Casa Atreides e a Casa Harkonnen.
A Casa Harkonnen, representada principalmente por Sting (Feyd-Rautha Harkonnen) e Kenneth McMillan (Barão Vladimir Harkonnen)
O imperador Shaddam IV dos Corrino vê os Atreides como uma ameaça para o seu trono, devido ao carisma e popularidade do Duque Leto Atreides entre os demais nobres presentes na assembléia Landsraad, e devido ao duque e seus talentosos militares, Duncam Idaho, Gurney Halleck e o mentat Thufir Hawat.
Richard Jordam é Duncam Idaho
Patrick Stewart é Gurney Halleck
O imperador decide que a Casa Atreides deve ser destruída, mas não pode correr o risco que as demais Casas se unam contra ele, caso ataque uma das Grandes Casas. Assim, Shaddam faz uso de uma rivalidade centenária entre a Casa Atreides e a Casa Harkonnen como uma forma de encobrir seu ataque, chamando para isto o brilhante e ambicioso Barão Vladimir Harkonnen numa tentativa de eliminar seu rival.
Substituindo os Harkonnen, os Atreides são designados para administrar o planeta deserto de Arrakis, também conhecido como "Duna", a única fonte da preciosa especiaria Melange, que prolonga a vida do usuário. A especiaria também é crucial para o funcionamento da poderosa Corporação Espacial, que mantém um monopólio sobre as viagens interestelares, e a irmandade Bene Gesserit, uma ordem feminina secreta de guerreiras mortais e intelectos perigosos, que vem conduzindo há séculos um programa de melhoramento genético que pretende produzir um macho humano, o Kwisatz haderach, que terá habilidades de presciência e acesso a toda sua memória genética. Complicando a intriga política há o fato de que tanto Paul Atreides, o filho do Duque, quanto Feyd-Rautha Harkonnen, o sobrinho e herdeiro do Barão, são partes essenciais do programa de Eugenia das Bene Gesserit - que planejam casar uma filha Atreides com um filho Harkonnen para unir as linhagens, mas são impedidas por Lady Jessica, concubina do Duque Atreides que desafiou a irmandade ao conceber um filho, ao invés de uma filha.
Francesca Annis é Lady Jessica Atreides
A mudança na administração de Arrakis cria outro pretexto para um conflito entre os Harkonnen e os Atreides, e remove o Duque Leto de sua base no planeta natal Caladan. Mesmo antecipando a armadilha, os Atreides ficam incapazes de defender-se do ataque devastador movido pelos Harkonnen, e ajudados por um traidor dentro da própria casa Atreides. O Duque Leto é assassinado, mas Paul e Jéssica escapam para o deserto. Com as habilidades de Bene Gesserit de Jéssica e as habilidades marciais de Paul, eles se juntam a um bando nativo dos Fremen, ferozes guerreiros que cavalgam os gigantescos vermes da areia que dominam o planeta deserto. Paul surge então como o Kwisatz Haderach e o conhecimento secreto de Jéssica dos mitos religiosos dos Fremem plantado por uma missionária Bene Gesserit habilitam Paul a se tornar Muad'Dib, um líder político e religioso que une os milhões de Fremen em uma força militar incomparável.
Paul assume o comando de Arrakis e da Especiaria, vingando sua família em um confronto direto com Feyd-Rauth em frente ao trono imperial, forçando o imperador Shaddam a abdicar e tornando Paul o primeiro imperador da dinastia da Casa Atreides.
A seguir, veja algumas imagens e um trailer da época. Um abraço a todos. Se tiverem a oportunidade de assistirem ao filme, comentem no blog.
Parece uma dança, mas é a luta final do filme
Paul Atreides à frente do exército Fremen
Sian Phillips como a Reverenda Madre Gaius Helen Mohian (lider das Bene Gesserit) e o imperador
Muad'Dib e sua guarda pessoal de 100 guerreiros fremen
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