Elas já foram responsáveis por deixar no chão um projeto de vários bilhões de dólares, que levou mais de sete anos para ser desenvolvido, como o caso do Boeing 787, um dos aviões mais sofisticados do mundo. Estão muito aquém do ideal. Sua capacidade aumenta muito pouco com o passar dos anos e as pessoas tendem a não utilizá-las da maneira ideal.
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Baterias de Carro |
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Baterias de Celular |
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Pilhas |
As baterias funcionam graças a reações químicas, envolvendo elementos químicos que não podem ser miniaturizados como os chips de computador. O material de que a bateria é feita tem certa capacidade de reter energia determinada pela natureza. As baterias só evoluem quando novos materiais são descobertos ou novos processos químicos, o que ocorre bem raramente.
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A bateria foi inventada pelo italiano Alessandro Volta, em 1800. |
Em 1859, o francês Raymond Gaston Planté usou dois pedaços de chumbo (os polos), mergulhados em uma solução de ácido sulfúrico e água. Quando a bateria era ligada, elétrons escapavam do pólo negativo, que se oxidava, e iam para o polo positivo, que liberava oxigênio, formando uma corrente elétrica. Só que os materiais iam se desgastando, até que a bateria pifava. Planté teve a idéia de dar um choque elétrico nela, e descobriu que ficava boa de novo. Nascia a primeira bateria recarregável.
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A bateria de Planté |
Esta bateria de chumbo-ácido é muito resistente e sua tecnologia é utilizada até hoje, em carros e barcos, mas ela tem um inconveniente - é grande e pesada.
Em 1899, o sueco Waldemar Jungner criou uma versão em que o polo negativo era de cádmio e o positivo era de níquel. Nascia a bateria de Níquel-Cádmio (NiCd). Ela ganhou popularidade nos anos 1940, com o surgimento do Walkie-Talkie - um rádio portátil que os americanos utilizavam para combater no front. Após a guerra, essa tecnologia foi muito utilizada em relógios, telefones, brinquedos etc, mas tinha dois problemas: o primeiro é que o Cádmio é tóxico e poderia contaminar rios e o solo. O segundo era o efeito "memória". Era preciso descarregar totalmente a bateria antes de recarregá-la, senão ela ficava "viciada".
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Bateria de Níquel-Cádmio (NiCd) |
Posteriormente surgiram as baterias de níquel-hidreto metálico (NiMH), que, supostamente não viciavam. No entanto, com a nova geração de gadgets (filmadoras e CDs players), elas se tornaram obsoletas pois a quantidade de energia requerida era maior, e no final das contas, elas também viciavam.
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Baterias de níquel-hidreto metálico (NiMH) |
Ai surgiu a tecnologia do Lítio (Lithos - Pedra). Estas baterias tinham uma potência de 3,6 volts (o triplo das tradicionais). Porém o lítio em estado puro é muito perigoso, pois pode se incendiar. Hoje é utilizada uma mistura (íons de lítio), menos explosiva. Além disso, possui circuítos internos que controlam o fluxo de energia, evitando oscilações bruscas.
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Baterias de lítio |
O lítio é ruim, mas é o melhor que temos. Ainda não foi descoberto nenhum material mais poderoso do que ele. A aposta é aperfeiçoar o que já existe, criando novas combinações com ele. Por exemplo, baterias de lítio-ar. Elas são abertas e reagem com o oxigênio do ar. Armazenam mil vezes mais energia que as atuais baterias e elas podem chegar ao mercado já em 2020, o que seria a solução para os carros elétricos. Mas não serviriam para os celulares.
No século 21, o lítio está cada vez mais importante e muitos o consideram o novo petróleo. Se assim for, países produtores de lítio, como a Austrália (41%), Chile (38%), Argentina (10%) e China (9%) se darão bem.
Outro país que deverá se tornar um grande produtor mundial é a Bolívia, dona do Salar de Uyuni, uma grande planície que contém uma grande quantidade de lítio (aproximadamente 50% das reservas mundiais), que poderá elevar o país ao mesmo status dos grandes produtores de petróleo atuais. E as superpotências mundiais, que fazem de tudo para colocar as mãos no petróleo do Oriente Médio, fatalmente irão atrás do lítio boliviano, podendo transformar a geopolítica mundial.
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Salar de Uyuni é a maior planície de sal do mundo, com 10.582 quilômetros quadrados |
Postagem baseada na reportagem "Bateria Fraca", Superinteressante, edição 343, fevereiro/2015.
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