domingo, 18 de setembro de 2016

Lucy - Nosso Ancestral

Ao desvendar como morreu Lucy, um fóssil ancestral do Homem que viveu há mais de 3,2 milhões de anos atrás, a ciência fica mais perto de esclarecer a origem de nossas espécies.

Lucy - Uma de nossas mais famosas ancestrais

Reportagem publicada na revista Veja, ed. 2494, nº 36, de 7 de setembro de 2016, revela como morreu o mais famoso fóssil de nossos ancestrais: A Australopithecus afarensis Lucy. Com 1,1 metros de altura e corpo adaptado para escalar árvores, ela se alimentava de frutas equilibrando-se sobre seus pés, pois era bípede. Nas árvores, ela também fazia seu ninho onde costumava dormir. Aparentemente, em uma dessas cochiladas, ela despencou de uma altura de quase 12 metros, fraturando o úmero (osso do ombro) direito, os tornozelos, a mandíbula e a caixa torácica, morrendo rapidamente, sem muito sofrimento.

Donald Johanson, à esquerda, com o seu colega Maurice Taieb

Partes de seu esqueleto foram encontrados em 1974 por Donald Johansom, antropólogo americano, na Etiópia. Análises descobriram que Lucy viveu há cerca de 3,2 milhões de anos atrás, e apesar de outros fósseis mais antigos terem sido descobertos, Lucy ficou famosa por ter dado as primeiras provas de que existe um chamado Elo Perdido que teria ligado humanos a símios.

Reconstituição de como seria Lucy, a partir do esqueleto encontrado na Etiópia

Inicialmente acharam que Lucy teria sida atacada por predadores, mas análises feitas pelo antropólogo americano John Kappelman, que digitalizou mais de 35000 imagens do esqueleto, concluíram, baseado em ferimentos típicos de pessoas que morrem em quedas, que nossa ancestral teria morrido em decorrência de uma queda de pelo menos 12 metros de altura.
Aparentemente nossos ancestrais se revezavam entre andar no chão e pular de árvore em árvores, e o fato dela ter sofrido este tipo de acidente, seria uma indicação de que seu corpo estava cada vez menos adaptado à vida nas copas. Isso seria determinante para nossa evolução, visto que nossa agilidade como bípedes se mostrou fundamental para nos tornarmos melhores caçadores e para sobrevivermos em savanas. Em outras palavras, cada nova descoberta sobre Lucy nos deixa mais próximo de compreender integralmente o maior dos mistérios: Como se deu a origem do homem.

Como teria sido a queda de Lucy
Para reconstituir o acidente, o antropólogo recriou a tíbia (osso da canela) esquerda em uma impressora 3D. A versão evidenciou que, ao cair, o corpo de Lucy realizou uma torsão à direita. O ombro direito também foi simulado em uma impressora 3D, o que levou à descoberta de uma fratura compressiva, típicas de vítimas de colisão forte. Lesões semelhantes foram localizadas nos tornozelos e na mandíbula. O esqueleto foi digitalizado por meio de tomografias, revelando uma série de fraturas típicas de pessoas que caem de grandes alturas. Por meio da análises da fragmentação dos ossos, verificou-se que nossa ancestral tentou se proteger da queda estendendo os braços para a frente e que a morte teria sido um encadeamento de danos a órgãos internos (fraturas na caixa torácica) o que levou à uma morte rápida.

Esqueleto de Lucy encontrado na Etiópia

Nenhum comentário:

Postar um comentário